"Quer pagar quanto?" Talvez o cartão de crédito não seja a melhor opção
🫰🏼Carvalhos Consultoria, Ed. 02 @ 2024 (7 minutos de leitura)
📺 Propaganda na TV
Em meados de 2003, as Casas Bahia lançaram um comercial com a chamada: “Quer pagar quanto? E quando?”. Era um convite para quem estava na frente da televisão, promovendo o carnê da empresa como forma de pagamento principal e acesso aos bens materiais.
Para minha surpresa, o comercial ficou no ar por apenas uma semana, pois trouxe mais dúvida e processos do que vendas. Ainda no mesmo ano, havia cerca de 46 milhões de linhas móveis em funcionamento no Brasil. Estamos falando de um tempo no qual Nokia 1110 e Motorola RAZR V3 eram os aparelhos de desejo e que ainda não eram considerados smartphones, os celulares inteligentes.
💳 No crédito ou no débito?
O ano agora é 2013 e, imagino que você se lembre de um vídeo do Porta dos Fundos em que o garçom perguntava: “É no drédito ou crébito"? Parecia divertido, mas imagine quantos garçons tiveram que ouvir essa piada todos os dias.
Se lembra do número de linhas de celulares que comentei acima? Dez anos depois, saltamos para 265 milhões de linhas móveis ativas ao final do ano. Um crescimento absurdo, acompanhado da massificação dos smartphones e do universo das lojas de aplicativos.
Comparativamente, a proporção de famílias endividadas ao final de 2013 era aproximadamente de 62 em 100. Estamos falando de 6 em 10 famílias com dívidas, e o maior ofensor era:
1) Cartão de crédito, representando 70% das dívidas.
2) Carnê, com 17%.
Avancemos para 2023, onde aproximadamente 50% da população adulta possui cartão de crédito. Parece muito, certo? Lembre-se que 90% da população agora tem conta bancária, então ainda existem muitas pessoas que escolheram não ter cartão de crédito.
Sobre as linhas ativas de telefonia móvel, reduziram para 256 milhões. Embora o número tenha diminuido, o ponto aqui é a explosão dos aplicativos e o uso, até em excesso, do termo “uberização” do trabalho e dos serviços. Aposto que em algum momento você já pensou em lançar um app.
Uma matéria recém publicada no NeoFeed mostrou que as pessoas estão usando o cartão do roxinho (Nubank) para despesas do dia a dia. Esta é uma observação interessante, sobretudo porque o uso foi concentrado em supermercados, serviços e transportes. O crédito é, ao mesmo tempo, a salvação e âncora.
Considerando a expansão do uso do cartão de crédito, agora 84% da população brasileira possui dívidas no crédito, enquanto que o carnê segue em segundo com a mesma proporção de 17%.

💰 Quem quer dinheiro?
Explico: o cartão de crédito, utilizado como muleta para conseguir comprar itens necessários quando o dinheiro acabou, é um facilitador, sem dúvidas. Mas, por outro lado, ele é um tipo de empréstimo, um cartão de dívidas, e poucos tem clareza sobre isso.
Se toda vez que você pegar o cartão ou o celular para efetuar um pagamento, o funcionário do caixa te perguntar:
“A senhora vai pagar com seu dinheiro ou vai pedir um empréstimo para o banco?” Essa forma de pergunta alteraria a maneira como você escolheria pagar?
Pois ao fazer esse enquadramento, você teria, de fato, dinheiro para pagar à vista ou recorreria ao empréstimo do seu banco/cartão de crédito? Porque toda vez que você escolhe pagar com o crédito, você está assumindo uma dívida e um empréstimo para pagar na data de fechamento da sua fatura. E, quanto mais você usar, mais pode se perder em dívidas se não tiver um mínimo de educação financeira.
De tudo, fica uma verdade: a renda média do brasileiro é hoje insuficiente. A renda mensal média de 80% da população brasileira adulta está abaixo de R$3.400 (dados de 2019). Segundo o Dieese, o salário mínimo justo deveria ser acima de R$ 6 mil reais por pessoa.
“O salário mínimo deveria ter sido de R$ 6.528,93. É o que aponta a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, feita pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos)." Fonte: Valor Investe
🥲 Dor do pagamento
A maneira como efetuamos o pagamento pode gerar uma certa dor, pois estamos "perdendo” nosso dinheiro. Mas essa dor é aliviada se você usar o crédito para pagar a conta, levando a dor do pagamento para o futuro.
Já o pagamento em dinheiro, débito ou Pix pode fazer você economizar sem perceber. A dor do pagamento tende a reduzir a sua vontade de gastar. Pensa aqui comigo:
O que dói mais, pagar R$ 400 reais com quatro notas de R$100 ou cinco parcelas suaves de R$80 reais?
Talvez, então, o cartão de crédito não seja para você. Na dúvida, recomendo sempre aos meus clientes que façam uma troca gradativa, voltando a usar papel moeda, débito ou Pix por uma semana. Monitore os gastos e os valores saindo da conta e depois me conte se os valores não reduziram.
É importante que você entenda o seguinte: "As operadoras de cartão não querem os (clientes) que pagam integralmente todo mês”. Se tiver 23 minutos, faça um favor e assista ao episódio: "Cartões de Crédito" da série "Explicando…Dinheiro" na Netflix, cuja foto eu reproduzi abaixo.

🎙️Recomendação
Curte lavar as louças ouvindo podcast? Que tal um episódio do Mamilos sobre “Por que nos afogamos em dívidas?”
✍🏼 Um convite honesto
Se, de alguma forma, você se sente perdida, sem organização financeira, sem saber aonde seu dinheiro esta indo, eu posso te ajudar.
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🍬 É isso queridos.
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@tiagocarvalhos.consultoria